quinta-feira, 20 de maio de 2010

Não - lugar.

O PISCAR ENTRE VIDA ENTRE MORTE

Os braços dele apertam seu pescoço, ela não consegue se soltar, o ar começa a escapar do seu pulmão, percebe sua vida se esvaindo e a única coisa que lhe resta é o milésimo de segundos entre o olho aberto e o olho fechado, entre a vida e a morte. Ainda não está morta, mas não há mais possibilidade de estar viva, ela está em suspensão, uma dádiva ou tormento, na qual vai refazer todos os seus passos até chegar ali, vai refazer sua vida, porém a sua dor. E esse momento de sobrevida ganha uma dimensão outra, não vistas pelos olhos vivos, uma dimensão que só pode ser sentida, percebida ou vivenciada por quem está nesse lugar do entre, entre a vida e a morte. Aqui o segundo vira uma eternidade de segundos, e neles ela vai reviver infinitamente a sua trajetória de morte, tentando recordar os seus passos, em silêncio, pois as palavras confundem e distorcem a realidade, e a única coisa que resta é a lembrança dos movimentos, sublinhado pelo o único som que importa: a música que nascia dos seus próprios corpos. Esse momento ecoa por toda a eternidade, numa busca da verdade, numa busca de entender onde ela perdeu o controle de sua vida, mas como nessa dimensão de sobrevida não há verdade nem mentira, ela padece. Esse milésimo de segundos é o purgatório, onde numa trajetória infinita e circular ela vai reviver a sua morte, até que finalmente seus olhos fechem.

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