terça-feira, 1 de junho de 2010

Você Personagem Eu Ninguém

Fico imaginando se você sabe da dor que eu sinto, fico imaginando se alguém sabe. Eu queria ser uma personagem que se apresenta ao público para me apresentar a você, queria que você me interpretasse, e assim entrasse a fundo na minha existência, buscando um sentido para cada palavra que eu dissesse. Queria que você se interessasse por mim como quem se interessa por uma personagem, me entendendo e criando a partir de mim, me dando vida, me presentificando no tempo e no espaço. Se eu fosse uma personagem você pensaria em mim constantemente, você me sentiria cada dia mais, você me leria até decorar todas as minhas palavras. Mas duvido que sendo eu assim do jeito que sou você tenha lido alguma dessas palavras que cá escrevo. Na verdade eu queria ser apenas uma personagem importante na sua história, eu acho. Não, importante eu sei que eu sou, mas queria ser do tipo que brilha, não do tipo que dá suporte. Chega de ser escada, quero ser ornamento. Pode rir, o sofrimento é ridículo mesmo. Ainda mais quando não há forma definida, pelo menos pra você, porque eu sei o que me faz triste. Mas fique tranquilo, você não é você, você é ninguém. Eu escrevo para ninguém, para que ninguém saiba da minha dor, para que ninguém se importe, para que ninguém me leia, para que ninguém me veja como eu sou, para que ninguém me coloque no colo. Escrevendo para você, para ninguém, eu tenho certeza que eu posso colocar todas as minhas intensidades sem culpa, ninguém aceita todo esse meu amor claustrofóbico e todo esse meu sofrimento que parece ser inerente. Mas até a relação aparentemente perfeita me faz desconfiar. Eu queria não ter que desconfiar de ninguém, eu queria acreditar, sem questionar, mas é difícil quando você não me ajuda. Desculpa, você não é ninguém.

domingo, 23 de maio de 2010

Felicidade

Felicidade se acha em horinhas de descuido, mas quando a gente cuida de perceber e de querer mais, talvez ela se perca. A felicidade é um bichinho do mato, tímido e medroso, se a gente não exige demais dela, ou até finge que não a percebe muito bem ela pode ficar sempre nos rodiando. Afinal tem muita gente correndo atrás da felicidade, com muita gana, com uma fome insaciável, querendo controlá-la, escravizá-la para que ela esteja sempre por perto. Mas ela é esperta, sempre que alguém vem pra cima dela com essa intenção ela já está bem longe, a pessoa pode nem perceber, fica na ilusão da sua presença, com um falso sorriso estampado no rosto, que é pra mostrar ao mundo que é feliz e pra provar a si mesmo isso. Mas a felicidade não precisa de provas, pois quando se é feliz nenhuma auto-afirmação é necessária. Por isso ela está quando você menos procura, quando não se quer ser, quando simplesmente se é.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Dia de jogo do Flamengo!

HOMEM CERVEJA FUTEBOL FLAMENGO GRITARIA VIRILIDADE MACACO CATARSE EXAGERO ALEGRIA RAIVA XINGAMENTOS BARULHO PALAVRÃO RISADA MAIS CERVEJA GOL EXTASE TELEVISÃO NARRAÇÃO CORO VOZES FALTA REVOLTA POLÍCIA BRIGA DIVERSÃO DISPUTA PALMAS ASSOVIO OUTRO GOL MENGOOO VIBRAÇÃO EXPLOSÃO IRRITAÇÃO ECO MASSA COLETIVO BURRICE LIMITAÇÃO GENUÍNO RITUAL FESTA VITÓRIA MAIS CERVEJA.

Não - lugar.

O PISCAR ENTRE VIDA ENTRE MORTE

Os braços dele apertam seu pescoço, ela não consegue se soltar, o ar começa a escapar do seu pulmão, percebe sua vida se esvaindo e a única coisa que lhe resta é o milésimo de segundos entre o olho aberto e o olho fechado, entre a vida e a morte. Ainda não está morta, mas não há mais possibilidade de estar viva, ela está em suspensão, uma dádiva ou tormento, na qual vai refazer todos os seus passos até chegar ali, vai refazer sua vida, porém a sua dor. E esse momento de sobrevida ganha uma dimensão outra, não vistas pelos olhos vivos, uma dimensão que só pode ser sentida, percebida ou vivenciada por quem está nesse lugar do entre, entre a vida e a morte. Aqui o segundo vira uma eternidade de segundos, e neles ela vai reviver infinitamente a sua trajetória de morte, tentando recordar os seus passos, em silêncio, pois as palavras confundem e distorcem a realidade, e a única coisa que resta é a lembrança dos movimentos, sublinhado pelo o único som que importa: a música que nascia dos seus próprios corpos. Esse momento ecoa por toda a eternidade, numa busca da verdade, numa busca de entender onde ela perdeu o controle de sua vida, mas como nessa dimensão de sobrevida não há verdade nem mentira, ela padece. Esse milésimo de segundos é o purgatório, onde numa trajetória infinita e circular ela vai reviver a sua morte, até que finalmente seus olhos fechem.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Pedido silencioso

Espero ouvir um dia com palavras sinceras, açúcar e afeto, e que essas palavras doces, como o chocolate que tanto gosto, venham acompanhadas de uma pitada de pimenta. Espero um dia que me conte, me escreva, me cante o seu amor, para que possa transformar em certezas todas as minhas incertezas. E que então esse lindo silêncio, de intensidades e dúvidas se transforme em poesia. Quero que acredite que não é por falta de fé. Meu coração se deleita nessa força invisível. Apenas quero brindar os meus olhos com essa mesma alegria, pois eles, diferente do meu coração, precisam ver para crer, eles ainda não alcançaram a grandeza da minha alma que te sente sem palavras. Não te peço para deixá-los mal acostumados, mas que entenda suas limitações, mostrando-os um pouco do que sente. Você pode achar que te peço isso por mimo, insegurança ou infantilidade, mas saiba que só estou tentando impedir que um dia esses meus olhos de pouca visão envenenem minha alma.

terça-feira, 18 de maio de 2010

De noite na cama...

A gente fica num ballet na cama, numa troca quase insana, até o dia raiar
Nossas pernas se entrelaçam, nossos braços se abraçam, até um corpo só restar
Se o frio aparece, me traz no seu peito e me aquece,
Se fico desconfortável, me dança para o outro lado amável.
E num vai e vem coreografados, passamos a noite inteira enlaçados,
Nos fundindo, nos amando, nos compondo, nos mordendo... dormindo
Entre carinhos e beijinhos, nesse emaranhado de corpos, dois apaixonados
Com insistente saudade, numa sincera felicidade, sigo rindo.

sábado, 15 de maio de 2010

Ação!

Ação!
Marca certa, tempo certo, palavra bem colocada, emoção presente e contida, perfeito, perfeito, essa valeu, ótimo, certo? Não! O microfone bateu em alguma coisa.... vocês estavam ótimos, foi problema no áudio. Repetir exatamente a mesma coisa, não vai ser difícil, acabei de fazer, só preciso me manter aquecida, pula, pula, pula.... só estou me aquecendo, ta frio, joga a luz aqui um pouquinho... obrigada. Concentra, é agora.
Preparar, tudo pronto... Ação!
Droga, meu cabelo ta grudado no meu cílio, esqueci de coçar o pescoço, qual é mesmo o texto? Será que peço pra parar? Não, não, termina a cena, na próxima vez você faz bonitinho.
Essa valeu gente, ficou ótima, vamos pra próxima cena?

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O tempo não para...

Teeeeeempooooooooooo, desaaaaaaaaaaaceeeeeeeeleeeeeeeeeeraaaaaaaaaa!!!!!!!!!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Fico tentando lembrar a última vez que você me ligou pra dizer sim, porque agora você só diz não. Não posso, não vou, não quero, silêncio, silêncio, silêncio, então ta, beijos. Sempre que você liga eu fico triste (não era pra ser o contrário?), as palavras são sempre as mesmas, e os silêncios...
Eu quero outras palavras, gritos, certezas.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Entre...

Tem horas que essa tal filosofia budista do "entre" me cansa. Sinto falta de ir para o extremo, sinto falta do descontrole, dos ápices. O "entre" às vezes me soa como um "mais ou menos", que não é nem uma coisa, nem outra, se é "mais ou menos" isso, não é isso, então é "mais ou menos" nada. E é essa a sensação, de estar vivendo um grande nada, e de ser oca. Mas, bem sei que o problema não está no "entre" budista, e sim na falta de entendimento do que vem a ser o equilíbrio. Como posso equilibrar toda essa minha intensidade, sem anulá-la? Como posso deixar de sentir ciúmes sem deixar de amar? Como posso controlar minha ansiedade sem diminuir meu interesse? Como posso não me afetar sem ser indiferente? Como posso caminhar entre os lugares passando por todos os lugares? Como posso viver em equilíbrio? Às vezes eu tenho vontade de sair da corda bamba...

Folha em branco virtual

E se alguém está confusa, precisando clarear seus pensamentos?
E se então ela resolve criar um blog pra tentar organizá-los?
E se essa pessoa não tem o menor hábito de escrever?
E se ela fica olhando pra folha em branco virtual?
E se ela não sabe exatamente sobre o que quer escrever?
E se ela não sabe como começar?
E se ela começa com um "E se"?

Bom, eu diria que é uma besteira muito grande, mas pelo menos o "E se" vem no começo.

Preto no Branco

Não há pretensão de ser belo; pode ser que seja.
Não há pretensão de contar histórias; pode ser que conte.
Não há pretensão de ter assiduidade; pode ser que tenha.
Mas há pretensão de ser alguma coisa; e é.